ASSISTÊNCIA EM RISCO SUICIDA

PERCEPÇÕES PROFISSIONAIS

Autores

  • Nayara Maciel da Silva Escola de Saúde Pública do Ceará
  • José Edir Paixão de Sousa Corpo de Bombeiros Militar do Ceará

Palavras-chave:

Suicídio, Saúde Mental, Assistência à Saúde Mental

Resumo

Objetivo: analisar a assistência à pessoa com comportamento suicida no Centro de Atenção Psicossocial, a partir de percepções profissionais. Métodos: o caminho científico foi de pesquisa qualitativa fundamentada no método Hermenêutico-dialético e na Análise de Conteúdo. Foram realizadas cinco entrevistas, abrangendo quatro categorias profissionais que compõem a equipe técnico-assistencial de nível superior do CAPS. Os dados obtidos por meio das entrevistas foram agrupados em três categorias: Fluxo do processo de assistência; Instrumentais de registros, avaliação e/ou notificação utilizados; e Desafios e Possibilidades da assistência. Resultados: observou-se que o fluxo de atendimento não é padronizado, mas a assistência é centrada no cuidado de duas categorias profissionais, com apreensão psicopatológica do fenômeno, ocasionando grande demanda e sobrecarga profissional. Constatou-se o uso, não recorrente, de instrumento de encaminhamento para comunicação com unidade hospitalar e da ficha de notificação compulsória, evidenciando a necessidade de maior apropriação dos instrumentos para produção de dados sobre o fenômeno do suicídio. Os principais desafios e possibilidades citados pelos profissionais foram: Educação Permanente em Saúde; discussão de casos e construções interprofissionais de Projetos Terapêuticos Singulares e necessidade de trabalho intersetorial. Conclusão: constatou-se que há necessidade da otimização da sistematização interprofissional e intersetorial das ações e da elaboração de projetos de gestão, com garantia de recursos humanos e financeiros que possibilitem a qualificação dessa assistência no serviço de atendimento. Considerou-se que novos estudos devem ser realizados, em virtude da limitação deste trabalho e da potencialidade encontrada nas falas de profissionais que vivem o cotidiano de atendimento a pacientes com risco de suicídio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nayara Maciel da Silva, Escola de Saúde Pública do Ceará

Assistente Social, bacharela em Serviço Social (UECE), especialista em Saúde Mental Coletiva (ESP-CE) e em Serviço Social, Políticas Sociais e Seguridade Social (RATIO). 

José Edir Paixão de Sousa, Corpo de Bombeiros Militar do Ceará

Mestre em Saúde Pública (UFC), Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará - CBMCE (ingresso em 1998), Pesquisador do IPPES (Instituo de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio - Rio de Janeiro). 

Referências

Conselho Federal de Medicina, Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. Suicídio: informando para prevenir. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2014. 52p.

Organización Mundial De La Salud. Prevención del Suicídio: un imperativo global. Resumen Ejecutivo. Geneva: Organizacion Mundial de la Salud; 2014. 4p.

Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: Organização Mundial de Saúde; 2002. 331p.

World Health Organization. Suicide in the world Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization; 2019. 32p.

World Health Organization. Public Health Action for the Prevention of Suicide. Geneva: World Health Organization; 2012. 26p.

Brasil, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde - DATASUS. Informações de Saúde, Sistema de Informações sobre Mortalidade. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def [Acessado em 12 de julho de 2020]

Brasil. Ministério da Saúde. Lei 13.819 de 26 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; e altera a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998. Brasília: Diário Oficial da União; 29 abril 19. ed. 81; Seção 1; página 1.

Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro: HUCITEC-ABRASCO; 1992.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Estabelece que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 9 fev. 2002b

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades e Estados: Quixeramobim (código 2311405). Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ce/quixeramobim.html.

Brasil, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde - DATASUS. Informações de Saúde, Sistema de Informações sobre Mortalidade. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/ext10ce.def [acessado em 12 de julho de 2020]

Brasil, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde - DATASUS. Informações de Saúde, Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/violece.def [acessado em 12 de julho de 2020]

Bardin, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70 Persona; 1977. 224 p.

Minayo MCS. Organizadora. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 22. ed. Petrópolis: Vozes; 2002. 80 p.

Schmidt MB, Figueiredo AC. Acesso, acolhimento e acompanhamento: três desafios para o cotidiano da clínica em saúde mental. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. São Paulo: 2009 v. 12(1):130-40.

Brasil. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de Saúde. Brasília: Série B. Textos Básicos de Saúde, 2º ed. 2010. 44p.

Gutierrez BAO. Assistência hospitalar na tentativa de suicídio. São Paulo: 2014 v25(3): 262-9.

Botega NJ. Crise Suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015. 302p.

Barrero SAP. Preventing suicide: A resource for the family. Annals of General Psychiatry, 7(1). [Recuperado] http://www.annals-general-psychiatry.com/content/7/1/1. 2008 [acesso em 20 jun 20].

Bertolote JM. O suicídio e sua prevenção. São Paulo: Editora Unesp, 2012. 137 p.

Silva MNRMO, Costa II. A rede social na intervenção em crise nas tentativas de suicídio: elos imprescindíveis da atenção. Rev. Tempus Acta Saúde Coletiva. 2010 v. 4 (1):19-29.

Heck RM, Kantorski LP, Borges AM, Lopes CV, Santos MC, Pinho LB. Ação dos profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial diante de usuários com tentativa e risco de suicídio. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2012 Jan-Mar; 21(1): 26-33.

Brasil. Ministério da Saúde, Gabinete do Ministro. Portaria n. 1271. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União; 06 jun 14.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Suicídio. Saber, Agir e Prevenir. Boletim Epidemiológico. Ministério da Saúde: 2017 v. 48(30).

Mello-santos C, Bertolote JM, Wang YP. Epidemiology of suicide in Brazil (1980-2000): characterization of age and gender rates of suicide. São Paulo: Rev. Brasil. de Psiquiatria; v. 27(2): jun 2005.

Minayo MCS. Suicidio: violência auto-infligida. In: Secretaria de Vigilância em Saúde (BR). Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Brasília: Ministério da Saúde, 2005; 205-39.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2007.

Wasserman D, Wasserman C. Oxford textbook of suicidology and suicide prevention: A global perspective. Oxford: Oxford University Press. 2009.

Ceccim RB. Educação Permanente em saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface: Comunicação, Saúde, Educação. Botucatu: 2005 v. 9(16):161-177.

Bezerra Filho JG, Werneck GL, Almeida RLF, Oliveira MIV, Magalhães FB. Estudo ecológico sobre os possíveis determinantes socioeconômicos, demográficos e fisiográficos do suicídio no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 1998-2002. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro: 2012 28(5):833-844.

Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 84p.

Onocko CRT, Furtado JP, Passos E, Ferrer AL, Miranda L, Gama CAP. Avaliação da rede de centros de atenção psicossocial: entre a saúde coletiva e a saúde mental. Revista de Saúde Pública; 2009 43(1):16-22.

Campos GWS, Domitti AC. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cad Saúde Pública. 2001 Fev 23(2):399-407.

Merhy EE. A perda da dimensão cuidadora na produção da saúde: uma discussão do modelo assistencial e da intervenção no seu modo de trabalhar a assistência. In: Reis AT, Santos AF, Campos CR, Malta DC, Merhy EE, organizadores. Sistema Único de Saúde em Belo Horizonte: reescrevendo o público. São Paulo: Xamã; 1998, 103-20. (parte II).

Downloads

Publicado

19-04-2021

Como Citar

1.
Maciel da Silva N, Paixão de Sousa JE. ASSISTÊNCIA EM RISCO SUICIDA: PERCEPÇÕES PROFISSIONAIS. Cadernos ESP [Internet]. 19º de abril de 2021 [citado 25º de novembro de 2024];15(1):33-47. Disponível em: https://cadernos.esp.ce.gov.br/index.php/cadernos/article/view/483
Received 2020-10-06
Accepted 2021-03-22
Published 2021-04-19